terça-feira, 24 de janeiro de 2012

CASAMENTO CAIPIRA EM CORDEL




NARRADOR: Nois aqui do Arraiá do Vistão
Viemos para casá
O trabaiado João Lutero
Com a Fulo de Maracujá


O povo tá esperano
Em noite de São João,
A noiva tá no artar
Só farta chegar o João!

NOIVA: Ai meu Santo Antonio,
Quê dê o meu João?
Será que vai me deixa
No caritó do Vistão!?

NARRADOR: João é cabra de palavra,
Até que pensou sw fugi...
Mas se ele fizé isso,
Vai se vê com o seu Didi!

NOIVO: Oxente, minha fulô de Maracujá!
Ainda ta aí a me esperá ?
Magina se eu ia deixar ocê,
Plantada nesse artar!


NOIVA: Eu sei meu beja-fulô
Que a mim tu tem amo!
O delegado só tá aqui
Pra protege nosso amo





NOIVO: Vamos seu padre!
Case nois nesse momento...
Não tem trabuco que impeça,
Esse nosso casamento.


NARRADOR: O padre já cansado,
Não qué mais perder tempo!
Chama os dois pra frente,
Pra modi faze o juramento.


PADRE: Então venha para cá
João Latrina Jatobá,
Trazeno consigo a sinhá
Maria Fulô de Maracujá.


NARRADOR Mas com essa felicidade
Arguém qué acabá
Então lá vem Maria Brertera
O seu veneno jogá

FALSA
AMANTE: Ô João Latrina sei lá de que!
Nesse casório vô infiá a cuié
Ocê imbuxa eu
E vai casá com outra muié?


NOIVO: Mai eu nunca vi ocê,
Nem na missa, nem na carniça.
Esse bacuri não é meu,
Essa muié é uma bisca!





NOIVA: Ah!!! João Latrina!
Ocê vai ter que se explicá...!
Donde vem essa muié,
Pra impidi nóis de casá?!


PAI DA NOIVA: Ah!!! Mai vai memo!
Só que não é pra mim nem a pro ocê.
É cum delegado da puliça,
Que esse cabra vai se entendê!


NARRADOR: O coração de João dispara,
Suas pernas treme que nem vara
Inté que chega uma moça
E decidida sorta a fala.

AMIGA DA OUTRA:

Onti memo eu lhe vi,
Sua barriga só tinha banha.
Vamos logo de uma vez,
Acabe com essa façanha!

Ocê qué o noivo da Fulô
Cum medo do caritó
Esse bucho teu é farso
Comprado lá no brechó


DELEGADO: Parem ou eu atiro! (aponta a arma)
Chega de confusão
Vamo casá os noivos
Aqui no Arraiá do Vistão

E ocê Maria Bretera
Fia da dona Chicó
Vai curti o seu ciúme
Posano no xilindró


NOIVO: Eu não te disse minha Fulô,
Que só tenho oio pra ocê!
Seu padre, case nois logo,
Que a gente qué come!

NARRADOR: E assim continua o casório,
Noivo e noiva no artar.
O padre não se demora,
Pra mais nada atrapaiá.

PADRE João Latrina qúé casa com a Fulô de Maracujá
Fulô de maracujá ocê qué casá com o João
Então oceis já tão casado
E vamo festá no Vistão

Pode beijá a noiva (faz o sinal da cruz e diz:)
Não se faça derrogado
Tão casados, bem casados
Pelo padre e o delegado

NOIVO: Ah! Minha fulô.., Eu não vejo a hora
De vê ocê Fazendo meu café
Pegano a toaia e água quente
Pra modi lava o meu xulé,

NOIVA: Oxente! Home abusado
É só pra isso que ocê me qué?
Prá sê sua empregada
Ou prá sê sua muié

NOIVO: Não! Nóis vai fazê muitos bacurizinho?!
Prá alegrá nosso sertão
E depois nois vai mandá
Tudo prá estudá no Vistão;

E vamo prá festança

Sorta o fole gaitero!!!

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